A Garotinha....
Me lembro do dia em que abri os olhos e encontrei tudo arrumado... Diferente de quando os tinha fechado. O antigo cinza escuro não existia mais. O que estava ali diante de mim... era ela...
Então a chamei de ‘minha garotinha’...
Ela estava tão bela...
Seu vestido amarelo cheio de flores a cobria até os joelhos. Seus olhos avermelhados e molhados, estavam fixos em direção a janela, de onde vinha um feixe de luz o qual eu nunca tinha visto antes...
Seus cabelos compridos, castanhos, batendo nos ombros, estavam bagunçados, lindos...
Nunca estive tão próximo de tamanha beleza. Ela era minha garotinha... Minha eterna garotinha...
Poderia Ter passado toda minha vida apenas à admira-la... Mas com o passar do tempo, ela foi se tornando rebelde....
Uma vez a peguei tentando fugir pela porta dos fundos.
Não tive escolha... Ela estava tentando se afastar.... Queria me deixar e se arriscar no mundo lá fora. Eu não poderia permitir... Ela era minha e de mais ninguém...
Então a arrastei até o nosso velho quarto e a tranquei. Ela não compreendeu que era para o seu próprio bem...
Se tornou ainda mais rebelde...
Minha garotinha perdeu completamente seu brilho... Seus olhos avermelhados enegreceram... Seu vestido amarelo desbotou junto com suas flores... Sua delicadeza se transformou em uma brutalidade que me assustava cada vez mais...
Nosso amor estava morrendo...
Nossos dias eram, em sua maioria, calmos e silenciosos. Estavam se tornando barulhentos e agitados. E o nosso encanto estava se perdendo...
Ela que tanto me alegrava, agora, estava me deixando tão triste...
Subversiva... Ela se tornou o maior dos meus problemas...
Me senti cansado. Então fechei meus olhos...
Quando os abri, tudo estava calmo novamente. O cinza escuro havia retornado e a casa parecia vazia... Me lembrei da minha garotinha e fui até o nosso velho quarto.
Ao entrar, encontrei tudo destruído. Ela estava deitada no canto, sua cabeça encostada na parede... Parecia bem. Mas estava mudada...
Seu olhar estava perdido no tempo. E o vermelho antigo de seus olhos, agora estava fluindo de sua garganta...
A chamei várias vezes... Mas ela não respondia. A cutuquei várias vezes...Mas ela não se movia. Imaginei que ela estivesse descansando... Resolvi esperar...
Tanto tempo se passou e ela continuava lá...O vermelho dos seus olhos se espalhou pelo chão ,e agora, sua pele estava pálida e seu corpo sem vida... Tranquei nosso velho quarto, e me pus a chorar...
Ela simplesmente deixou de existir...
Se foi, se foi sem deixar vestígio... Se foi...
Você sabe como é viver com isso? Sabe como é se sentir assim?
A única que me entendia se foi...
E eu estou tão cansado... Com fome... Solitário e cinza como antes...
(Frail Limb Nursery)
domingo, 24 de fevereiro de 2008
A garotinha...
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário